James Franco comentou pela primeira vez as recentes acusações de assédio sexual nas redes sociais, descrevendo-as como não sendo "corretas".
O realizador e protagonista da comédia “Um Desastre de Artista” (2017) conquistou no passado domingo o Globo de Ouro de melhor ator de comédia/musical, numa gala que ficou marcada pelos protestos contra o assédio sexual das mulheres em Hollywood, com vestidos e trajes negros inundaram a passadeira vermelha e discursos emotivos.
Durante a cerimónia, várias atrizes manifestaram-se, através das redes sociais, contra a hipocrisia de James Franco por usar um pin do movimento “Time’s Up” [“Acabou-se o tempo”], afirmando que foi responsável por episódios de assédio sexual no passado.
Entre elas estava a atriz Ally Sheedy ("O Clube"), que usou o hashtag #MeToo e numa série de mensagens no Twitter rapidamente apagadas, escreveu: "Por que razão é permitida a entrada de James Franco? Falei demais." e "James Franco acabou de ganhar. Por favor, nunca me perguntei por que deixei o mundo do cinema/televisão".
Já a atriz Violet Paley disse que foi forçada a fazer sexo oral há alguns anos e pediu a uma das suas amigas, então com 17 anos, para ir a um hotel onde ele estava. Acrescentou que este lhe telefonou e "a mais algumas raparigas" há duas semanas a pedir desculpa por comportamentos antigos.
Na terça-feira à noite, Franco foi confrontado com as acusações por Stephen Colbert e citou diretamente Sheedy: "Ok, primeiro que tudo, não faço ideia do que fiz à Ally Sheedy. Dirigi-a numa peça Off-Broadway [em 2014]. Passei um ótimo tempo com ela, todo o meu respeito por ela. Não faço ideia porque é que estava chateada. Ela apagou o tweet. Não sei. Não posso falar por ela. Não sei".
Sobre as outras acusadoras, Franco foi mais vago: "Em relação às outras... na minha vida tenho orgulho por assumir a responsabilidade pelas coisas que fiz. Tenho que fazer isso para manter o meu bem-estar. Faço isso sempre que sei que há algo errado que precisa ser alterado. Faço questão de fazê-lo."
"As coisas que ouvi que estavam no Twitter não eram corretas. Mas apoio completamente as pessoas darem a cara e serem capazes de ter uma voz porque não a tiveram durante muito tempo. Portanto, não as quero calar de forma alguma acho que é uma coisa boa e apoio.", acrescentou.
Quando Colbert lhe perguntou se pensava que as acusações de assédio e violação em Hollywood deviam ser enfrentadas e se era possível conciliar pessoas que claramente têm diferentes pontos de vista, o ator indicou que todos precisam ouvir as pessoas envolvidas.
"Não consigo viver se é preciso corrigir alguma coisa. Irei fazê-lo. Se fiz alguma coisa errada irei corrigi-la. Tenho que o fazer. Acho que é assim que funciona. Não tenho realmente as respostas em relação à questão maior de como o fazermos. Acho que a questão de tudo isto é ouvirmos. Existiram pessoas incríveis a falar naquela noite [dos Globos]. Tinham muito para dizer e estou aqui para ouvir e aprender e mudar minha perspectiva onde estiver errado e estou completamente disponível e quero fazê-lo.", concluiu.
Algumas horas antes da entrevista, o jornal The New York Times cancelou um ato público previsto com James Franco a propósito de “Um Desastre de Artista”.
No ‘site’ da TimesTalks, uma iniciativa do jornal que consiste em conversas entre jornalistas e personalidades, foi publicitado um encontro que seria protagonizado por ator e realizador e pelo seu irmão Dave, previsto para esta quarta-feira no Kaufman Music Center, em Nova Iorque.
No entanto, foi anunciado o cancelamento da iniciativa, sem que tenham sido facultados detalhes. Mas, mais tarde, um porta-voz do jornal nova-iorquino indicou, porém, que “dada a controvérsia em torno das recentes acusações”, a organização não se sente “confortável” com o evento.
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