Em entrevista à Lusa, Sam Fogarino explicou que os “fãs” são a causa de vários concertos em terras portuguesass, elogiando um país “tão único quando comparado ao resto do mundo”, até no tipo de “regionalismos diferentes” que sempre ‘puxou’ Portugal, e faz com que pareça um “lugar muito familiar”, assim como o próprio evento.
“Toda a gente gosta deste festival. Em Barcelona é brutal, mas há algo de especial no do Porto, que é mais pequeno e parece que estamos mais ligados. Estivemos a caminhar, nunca o fiz em festivais, fomos ver Shellac noutro palco e veio-me à memória quando os vi em Barcelona há vários anos e senti-me igual”, afirmou.
Elogiou ainda o festival por ter um cartaz “bem equilibrado” que não serve só os interesses do “super popular”, numa indústria musical que cada vez mais pressiona o lançamento de trabalhos, apesar de a banda fugir à norma tendo apenas seis álbuns, em 22 anos de carreira.
“Temos a editora certa, sempre tivemos. Eles não seguem esse padrão, sabem que nós entregamos um disco quando estiver pronto e é melhor não apressar nada. Não acho que conseguíssemos funcionar assim [de outro modo]. Não mudamos a nossa maneira de trabalhar desde que começámos, há 22 anos. Somos sortudos nesse aspeto”, disse.
Além disso, Fogarino confessou que não saberia como serie se os Interpol tivessem “a obrigação de produzir”, atribuindo novamente à “sorte não estar nessa” esfera, até porque quando se vê o retrato dessa pressão na televisão, o “artista está em drogas ou tem problemas de bebida, porque não aguenta”.
“Lembro-me de um momento, da nossa antiga agência de representação, [quando] tentou começar esse tipo de pressão, à procura de um ‘hit’, e me ligaram. Eu perguntei o que queriam que fizesse, que ligasse ao Daniel [Kessler] e dissesse: 'escreve um hit agora, chama o Paul [Banks], gravem isso que eu depois gravo umas linhas por cima'? Tu sabes com quem trabalhas, é tão absurdo que isso aconteça”, contou.
A prova disto são os seis álbuns em mais de duas décadas, o dificulta a missão da banda de inovar nos concertos, mas o baterista disse à Lusa que uma canção tocada toda a carreira pode soar a nova, e revelou a ‘receita’ do grupo, usada na sexta-feira.
“Tentamos manter os concertos nos festivais bem equilibrados, tentamos não assumir que toda a gente é um fã ‘hardcore’ de Interpol, tocamos algumas das canções mais populares, não tocamos só novo material, algo de todos os discos que alguém que não seja um fã reconheça. Tentamos manter também um bom ritmo, porque é cá fora, e este tipo de atmosfera ‘puxa’”, explanou.
Ainda assim, confessou que é um “desafio” manterem-se “apelativos ao vivo”, mas “uma boa plateia” pode fazer com que uma canção tocada toda a carreira “soe a nova”.
“É por isso que lanças musicas -- [por] aquelas caras sorridentes que estão à tua espera. É a coisa mais pura que posso experienciar, faz-me esquecer dos meus problemas. É assim que acontece, o público mantém aquela canção, nova”, terminou.
O festival fecha hoje, com as atuações de Erykah Badu, o brasileiro Jorge Ben Jor, a espanhola Rosalía ou Nina Kraviz, entre outros, arrancando pelas 17:00 com Lena D’Água e Primeira Dama.
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